quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O passado serve como base de novas explorações: Uma interface entre Étienne Louis Boullée – Claude Nicolas Ledoux X Louis Kahn.


Quando Boullée causou um grande impacto, criando um estilo geométrico e abstrato, como inspiração as formas clássicas, se consagrou juntamente com Ledoux como os mais influentes arquitetos do Neoclássico. Criando uma arquitetura sem uma ornamentação necessária, aumentando as formas geométricas para uma escala imensa e monumental. Já Claude Nicolas Ledoux tem uma arquitetura completamente prática e funcional, tendo seus trabalhos aspectos visionários. Seus projetos transformaram-se símbolos do antigo regime e seu uso exagerado de elementos clássicos pareciam antecipar o classicismo bom moderno.
As diversas críticas do Modernismo, na década de 50, basearam-se no possível esgotamento das possibilidades criativas de seu sistema, acarretando na obsolescência de seus produtos, os autores críticos dão inicio a especulações na criação de novas teorias arquitetônicas, foi a apartir daí que Louis Kahn adotou em suas obras temas como a monumentalidade, forma, ordem, luz sem esquecer o modernismo. Fazendo uma interface da obra de Kahn com Boullée – Ledoux, é necessário pensar em alguns parâmetros como o estilo geométrico e abstrato, a remoção de toda ornamentação desnecessária, o aumento destas formas geométricas, a monumentalidade, ou seja, a imensa escala, daí podermos observar em algumas obras de Louis Kahn, que por sua vez adotou uma ordem, na qual sua obra materializa essa ordem reestabelecendo a relação com as origens do ser humano e portanto com o passado, sem deixar aprisionar, revelando os traços unidos entre os diversos esforços da arquitetura, de diferentes épocas e cutlturas.
No que tange essa ordem, colocando a fora do tempo como uma qualidade das obras de Kahn. Para Boullée o uso da luz e da sombra era inovador e podia interver no próprio conceito do fazer, criando uma arquitetura que expressava seus propositos, o que levou sua arquitetura a ser chamada de arquitetura parlante. Tendo como exemplo o projeto de um Cenotáfio para Isaac Newton.
Enquanto Kahn optou pelo investimento no tratamento da relação interior/exterior, no qual o problema é resolvido mediante a utilização de um método de composições clássico, consistindo no emprego de caixas dentro de caixas, resultando formas compactas e centralizadas. A luz tem uma conjugação com a estrutura que da uma qualificação aos espaço, outro fator usado por ele é capacidade de conferir tantos materiais heterogéneos, criando uma unidade de relações espaciais. Apoiu-se na herança clássica, utilizando palavras que transcediam ao tempo e às sociedades como: simetria, integridade, perfeição, proporção, luz, clareza, também utlizados por Boullé e Ledoux. – LSV

Então para Kahn essa monumentalidade usada por Bo e Le no passado, era uma qualidade espiritual inerente a uma determinada estrutura, capaz de transmitir a sensação de sua eternidade, pois eram estruturas monumentais do passado que possuíam características comuns de grandiosidade, nas quais os edifícios do nosso futuro, deviam se baseiar de uma maneira ou de outra. - Louis Kahn.

Louis Kahn

“luz, silêncio, geometria, volume, simetria, grandeza, proporção, nova, relação, espaço, tempo…”

Ao analisarmos essas palavras, podermos perceber como elas fazem parte da obra de Louis Kahn, ou seja, a presença indispensável delas como uma forma, ou até mesmo ordem, de se chegar a uma arquitetura representada, que se transforma numa oportunidade de operar em toda sua extensão, o potencial simbólico, funcional e tecnológico do espaço, fazendo que cada componente do edifício se converta no sinônimo de unidade, completando-o.
Expressando através de uma linguagem, de um pensar no uso do material e do trabalho humano, superando a própria degradação, o mundo e o tempo. – LSV



Obras de Boullée